Dizem que a condição de apaixonado é uma característica sobre-humana. Por conseguinte, o ser humano é normalmente incapaz de lidar com ela. É um estado extasiante para um Homo Sapiens comum.
Enquanto amar é conviver com a realidade do outro, com suas falhas, magnificências, defeitos, virtudes, o ficar apaixonado é sentimento súbito; vê-se instantaneamente na outra pessoa tudo aquilo que desejamos possuir e reter.
Os poetas e os romancistas conseguem criar extraordinários escritos em nome da paixão e chegam a afirmar que “Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando a paixão dele toma conta”. Alguns dizem até ser aquilo que vivenciamos, quando estamos apaixonados, o nosso estado normal. O amor mostra aos homens e às mulheres como eles deveriam ser sempre, escreveu o russo Anton Tchekhov.
Encontrando-me neste dilema, sem entender o que é amor e o que é paixão, socorreu-me o velho amigo dicionário Aurélio.
Nele, o verbete Amor significa: “sentimento terno ou ardente de uma pessoa por outra, e que engloba também, atração física”. Paixão: é “emoção levada a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão”.
Mas não importa o que sei ou o que dizem, mas sim o que sinto.
Acredito que a paixão seja visceral – com um grande componente sexual. O amor é intelectual. Paixão e amor podem ser, cada um, início ou fim do outro. Ou podem não ser? Mais importante do que qualquer teoria, etimologia, dicionário ou ciência humana, é quando você disser “eu te amo”, independente da fase existencial pela qual esteja passando, dizê-lo com muita certeza da aspiração de juntos envelhecerem...
E saber:
- que você não pode exigir, a cada momento, paixão e amor e compreensão; ninguém pode controlar suas emoções.
- que você deve permanecer fiel à paixão da vida, apesar de ela ser composta por uma infinidade de ilusões que servem de analgésico para a alma.
- que as paixões são como as ventanias que enfunam as velas dos barcos, fazendo-os navegar, embora por vezes possam fazê-los naufragar; mas se não fossem elas, não existiriam viagens nem aventuras, nem novas descobertas.
- que você deve perguntar e continuar perguntando; quem sabe de todas as respostas ultrapassou a velhice.
Assim, aos meus quase 80 anos, continuo ainda sem saber o que é Amor e muito menos o que é Paixão.
Se alguém souber, por favor, me avise...
Obrigado.
Meraldo Zisman
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