Brincar, para a criança, é tão
importante e sério como trabalhar é para o adulto. Ou mais até, porque
dificilmente encontramos um adulto tão dedicado ao seu trabalho como a criança
o é à sua brincadeira. O trabalho é dirigido de fora, pelas necessidades e metas
dos adultos. Brincar brota de dentro da criança. Brincando, a criança imita o
trabalho, os gestos do adulto. Assim, ela descobre o mundo. Ela vivencia suas
leis sem fazer conceitos lógicos sobre elas. Quando ela brinca com água,
experimenta como se formam as gotinhas e vê como o sol brilha nelas. Ou joga
pedrinhas numa poça d\'água e acompanha os círculos concêntricos que vão se
abrindo cada vez mais até chegar na beirada. Ou faz um barquinho de bambu ou de
casca de árvore e fica alegre quando este flutua. Isto tudo para a criança é
pura vivência.
Se o adulto tenta levar estas experiências à consciência da criança, formulando
com ela leis básicas de física, ele estraga a brincadeira, afastando a criança
da ação e do movimento e separando-a do mundo ao qual ela ainda está totalmente
unida. A criança pequena é inteiramente força de vontade. Ela só quer agir,
transformar, brincar. Nunca para quieta.
Se o adulto apóia essa força de vontade, dando espaço para a criança brincar
sadiamente, quando a criança se tornar adulta também terá vontade de agir e de
transformar o mundo. Hoje em dia, muitas vezes só se dá valor à inteligência e,
quando se pensa em educação, só se pensa em educação do pensar lógico. Mas o
homem não é feito só de cabeça, ele também tem coração e membros. Ele não só
pensa, como também sente e age. E, principalmente antes dos sete anos, podemos
fortalecer a vontade de agir. O brincar não precisa ser dirigido pelo adulto, e
os brinquedos devem permitir a criatividade, brinquedos automáticos ou eletrônicos
tem menos possibilidade de transformar do que os que a própria criança constrói
falas e pensamentos.
A criança que não brinca não tem como
elaborar suas duvidas, angustias e medos, se ela não tem vontade de brincar
pode significar problemas emocionais, e para os pais que não permitem que ela
brinque é importante observar se não estão fazendo de seus filhos pequenos
executivos com agendas ocupadas todo o tempo, da mesma forma que a criança tem horário
para comer, dormir e ir à escola ela também precisa de tempo para brincar.
Izabel Rocha
Nenhum comentário:
Postar um comentário