segunda-feira, 8 de abril de 2013

Brincar é coisa séria


Brincar, para a criança, é tão importante e sério como trabalhar é para o adulto. Ou mais até, porque dificilmente encontramos um adulto tão dedicado ao seu trabalho como a criança o é à sua brincadeira. O trabalho é dirigido de fora, pelas necessidades e metas dos adultos. Brincar brota de dentro da criança. Brincando, a criança imita o trabalho, os gestos do adulto. Assim, ela descobre o mundo. Ela vivencia suas leis sem fazer conceitos lógicos sobre elas. Quando ela brinca com água, experimenta como se formam as gotinhas e vê como o sol brilha nelas. Ou joga pedrinhas numa poça d\'água e acompanha os círculos concêntricos que vão se abrindo cada vez mais até chegar na beirada. Ou faz um barquinho de bambu ou de casca de árvore e fica alegre quando este flutua. Isto tudo para a criança é pura vivência.

Se o adulto tenta levar estas experiências à consciência da criança, formulando com ela leis básicas de física, ele estraga a brincadeira, afastando a criança da ação e do movimento e separando-a do mundo ao qual ela ainda está totalmente unida. A criança pequena é inteiramente força de vontade. Ela só quer agir, transformar, brincar. Nunca para quieta.

Se o adulto apóia essa força de vontade, dando espaço para a criança brincar sadiamente, quando a criança se tornar adulta também terá vontade de agir e de transformar o mundo. Hoje em dia, muitas vezes só se dá valor à inteligência e, quando se pensa em educação, só se pensa em educação do pensar lógico. Mas o homem não é feito só de cabeça, ele também tem coração e membros. Ele não só pensa, como também sente e age. E, principalmente antes dos sete anos, podemos fortalecer a vontade de agir. O brincar não precisa ser dirigido pelo adulto, e os brinquedos devem permitir a criatividade, brinquedos automáticos ou eletrônicos tem menos possibilidade de transformar do que os que a própria criança constrói falas e pensamentos.

A criança que não brinca não tem como elaborar suas duvidas, angustias e medos, se ela não tem vontade de brincar pode significar problemas emocionais, e para os pais que não permitem que ela brinque é importante observar se não estão fazendo de seus filhos pequenos executivos com agendas ocupadas todo o tempo, da mesma forma que a criança tem horário para comer, dormir e ir à escola ela também precisa de tempo para brincar. 


                                                     Izabel Rocha




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