sexta-feira, 29 de junho de 2012

Nem sempre o comportamento adolescente é coisa da idade



Um estudo recente da Universidade Federal do Paraná com quase 500 adolescentes mostrou que mais de 20% deles apresentavam sintomas de depressão – as meninas, 2,6 vezes mais do que os meninos. "É um dos reflexos das pressões econômicas e sociais", avalia o coordenador da pesquisa, o psiquiatra e professor Saint-Clair Bahls. "Em países do Primeiro Mundo, onde a qualidade de vida é melhor, esse índice é de 10%."

Os hormônios femininos, segundo Saint-Clair, contribuem para a maior incidência de depressão entre as mulheres, em qualquer idade. "Na adolescência, as exigências também são maiores para elas. Sofrem com as competições para ver quem tem o corpo mais perfeito, quem é a mais bonita, quem conquista mais os meninos", exemplifica o psiquiatra.

O importante é cuidar

A origem da doença ainda não é questão resolvida para a ciência. Os especialistas apontam um conjunto de fatores, que vai desde a predisposição genética a aspectos circunstanciais, como o uso de algum medicamento ou a perda de alguém na família. "É difícil definir uma causa. Quando há um fator genético, por exemplo, muitas vezes não se consegue determinar se o quadro depressivo do adolescente é uma expressão hereditária ou da convivência com um familiar que tem o problema", explica a psiquiatra Lee Fu I, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Para os pais, importa mais saber dos sintomas. Ansiedade e agressividade são alguns dos sinais da depressão, mas esses comportamentos podem ser vistos pela família do adolescente como típicos da idade. "É preciso cuidado, pois o sofrimento do filho pode passar despercebido. Os pais devem ficar atentos à intensidade e à permanência dessas emoções e observar o quanto o filho parece envolvido por elas", esclarece a psiquiatra Lee.

O alerta é importante, porque a depressão pode ser tratada, de modo a livrar seu filho de sérios prejuízos emocionais e também físicos – sabe-se que o organismo deprimido fica vulnerável a doenças. O tratamento envolve terapia, combinada com medicamentos nos casos mais acentuados. Muitas vezes, a iniciativa de procurar ajuda médica ou um especialista precisa ser da família.

Fonte: Revista Crescer – Edição 107
Luciana Maria Alves



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