segunda-feira, 16 de abril de 2012

Depressão nas crianças


         
   A depressão não é uma doença que atinge exclusivamente os adultos. Isso mesmo. Ela também ocorre em crianças. E pelas peculiaridades da infância existem sinais que passam despercebidos. Entre as principais causas encontramos a violência, o excesso de atividades (natação, judô, balé, inglês...) e a pouca presença dos pais no dia-a-dia do filho. A questão material também influencia: as crianças que equiparam a felicidade ao dinheiro são mais propensas a sofrer de depressão do que aquelas que não dão tanto valor à riqueza e à aparência.
       Alguns temas que abordam aspectos emocionais na infância são cercados de preconceitos, acarretando uma freqüente resistência por parte da família, que busca justificar os comportamentos equivocados da criança, designando alguém ou uma situação de “culpa”. O primeiro questionamento é: “Onde foi que eu errei?”, ao invés de “como isso ocorreu?” ou “O que fazer?”. É doloroso e quase incompreensível falar de depressão e suas conseqüências em um pequeno paciente. E quando o fato evidencia-se de forma dramática nem sempre as pessoas estão abertas para acessar a compreensão, a análise ou a pesquisa do caso, estabelecendo-se “tabus”.
      Reconhecer manifestações de depressão logo cedo é importante, pois nem sempre estas são demonstradas através dos sintomas tradicionais como melancolia, tristeza, retraído-calado, choro, sensação de tédio, sofrimento por antecipação acarretando pessimismo, irritabilidade etc. Existem outros indicativos de depressão em crianças que se apresentam com uma roupagem disfarçada.
       No que tange às crianças com menos de 5 anos, quando o vocabulário ainda é restrito, é fundamental que os pais, junto com educadores, levem aos pediatras e psicoterapeutas observações como: mudanças de comportamento rotineiro como insônia ou sono em excesso; anorexia alternada com apetite insaciável (perda ou ganho de peso em demasia); mudanças de humor (inclusive para bom humor); poliqueixosa (hipocondria, cheia das dores); apatia (em atividades que antes pareciam agradáveis); desânimo para levantar de manhã; distúrbios no aprendizado e fobia escolar; dificuldades na comunicação; pouca criatividade (a escola deve observar em seus desenhos as cores usadas – escuras, cinza...) e o enredo das histórias que acompanham seus traçados no papel (faça um desenho e conte uma história); agressividade auto e/ou heterodirigida (a criança não só chuta e xinga como se machuca); roer as unhas, arrancar os cabelos e morder-se; baixa auto-estima demonstrada por timidez e dificuldades de se posicionar perante o grupo; sentimento de rejeição; condutas grosseiras e malcriação.
      A criança tem seus gritos interiores e o comportamento depressivo é um destes gritos. Entender tais manifestações é relevante, pois é através desta linguagem que observamos os sinais de alerta. Assim, dá-se conta de que algo deve ser revisto. Entender a criança é fundamental para compreender as coisas simples da vida e relacionar-se melhor com elas e com o mundo. Esteja sempre atento ao comportamento dos baixinhos. 

Carlos Roberto Brunini

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