Certo dia estava na fila do caixa eletrônico
dentro de uma agencia bancária, haviam maquinas desocupadas e caminhei pelo
espaço até ficar próxima de uma moça que estava com um bebê no braço e uma
menina de uns oito anos, a criança talvez entediada por aguardar a mãe que se
demorava ao utilizar o caixa pois estava com o bebê, bolsas, sacolas e tentava
efetuar alguma operação, se dirigiu a uma das maquinas vazias e começou a
dedilhar os números no teclado, e a mãe berrou “sua retardada, não mexa ai, não
esta vendo que vai quebrar, o guarda vai brigar com você, sua menina retardada”,
a menina deixou a brincadeira silenciosamente, se aproximou da mãe e ficou
aguardando calada, enquanto a mãe repetia os xingamentos e terminava a operação
que fazia, a menina não chorou, não fez birra, nem sequer esboçou reação e eu
fiquei observando a cena e pensando, “ela deve ouvir isto a todo momento que
nem se surpreende, como será que ao entrar no mundo adulto se comportará? Achará
normal ser ofendida?”. E comecei a pensar que impactos estes comentários causam
na autoestima das crianças.
Ouvimos muitas vezes durante nossa vida que
“fulano tem problemas de autoestima”, “isto que você sente é falta de auto
estima”, e por ai vai, mas afinal o que é autoestima e quando ela começa a ser
formada?
Autoestima é a capacidade de gostarmos de
nós mesmos, de nos aprovarmos, aquela certeza de que somos capazes de realizar
uma porção de coisas, de que somos realmente muito competentes em determinadas
habilidades, e também a capacidade de termos uma autoimagem positiva. A autoestima
inclui tanto a imagem que temos de nós (nossa autoimagem) como a imagem que
acreditamos que as outras pessoas têm de nós, aquilo que acreditamos que elas
pensam a nosso respeito.
Nossa autoestima vai sendo formada desde o
momento em que nascemos e as características individuais também ajudam nessa
formação.
As aprendizagens pelas quais uma criança tem
de passar são inúmeras e difíceis. Já no primeiro ano de vida, ela precisa
aprender a reconhecer o rosto das pessoas que convivem com ela, aprender a
comunicar de alguma maneira aquilo que sente, aprender uma série de movimentos.
Ela precisará de apoio e estímulo para todas estas aprendizagens, precisará de
adultos que a consolem (e que a ensinem a se consolar sozinha futuramente)
quando falhar ou se sentir insegura. Precisará de encorajamento, alguém cuja
atitude expresse uma visão otimista a respeito de todas estas aprendizagens,
alguém cujo comportamento a ajude a encarar a aprendizagem e o mundo como
coisas divertidas, curiosas, excitantes. É preciso incentivar o prazer pela
descoberta, o prazer em ser persistente e superar obstáculos.
É mais ou menos como imaginar que as
crianças são os visitantes recém chegados a este mundo e que aos adultos cabe o
papel de guias, protetores. Aos adultos caberá o papel de auxiliar as crianças
nesta descoberta, cada pai e mãe apresenta uma determinada visão de mundo a seu
filho, que pode ser uma visão positiva “vá lá, veja que legal, que divertido”,
ou negativa “você vai se perder se for pra lá, tem bicho papão”.
A criança verá o mundo pelos olhos do adulto
e se esse olhar for de medo, insegurança, ou de autonomia e confiança, pode
fazer a diferença em como ele se sentirá e como enfrentará os desafios da vida.
Izabel Rocha
Concordo plenamente, é bem isso mesmo!
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